Devido ao limite de caracteres existente nos coments, decidi publicar aqui a totalidade da resposta que deixei no blog crepúsculo e que não surgiu. Assim sendo, respondo ao seu comentário, que transcrevi, que de uma forma indirecta entendo que se dirigia a mim.
“Não reconhecer o papel fundamental que a Igreja teve na História não só de Portugal mas de toda a Europa é andar com os olhos fechados... influências culturais, influências sociais... querer esconder por exemplo as raízes da universidade em Portugal, querer esconder o papel de algumas instituições sociais que existem por este país... e ainda há quem se questione se a Igreja teve importância na HIstória de Portugal?”
Carlos Tavares.
Boa tarde, senhor Carlos Tavares.
Pois é verdade, por incrível que pareça, existem pessoas que se questionam. E existem pessoas que se questionam acerca do papel da igreja em Portugal e eu sou uma delas. A história de Portugal! Não imagina o meu orgulho em ser Português. Pelo passado, agindo no presente de forma a que o futuro seja muito melhor.
Existem pessoas, senhor Carlos Tavares, cuja visão não é parcial, mas sim global. Em temas de espiritualidade, não se restringem a um livro sagrado, mas a livros sagrados, pois qualquer pensamento do Homem o é, e num alambique destilam as verdades do que parece ser aparente. O Deus destes Homens está em toda a natureza e não localizado em partes do espaço e do tempo, mas isto é um outro assunto.
Quando 80% dos Portugueses são católicos, conclui-se com nenhuma duvida que a igreja exerceu um determinado poder neste país, o necessário para que a maioria das gentes Lusas ao longo do tempo se tornassem mortos vivos sobe o comando de Roma sem nunca se questionarem ou se darem conta.
A igreja, ao povo, aquele cuja mente era mais fácil de convencer, tornou-o cativo com a promessa do paraíso em cuidado com o fogo do inferno. Ao estado, sempre constantemente a infiltrar-se na sua procura por poder e riquezas.
Escreveu acerca da importância histórica da igreja, pois bem, eu também escrevo algumas linhas. Estou eu convicto que tem conhecimento do que vou escrever, porque para uma posição tão determinada tomo-o como conhecedor deste Portugal.
No ano de 1128 D. Afonso Henriques vence a sua mãe e proclama o território português como independente. Nos anos seguintes empreende uma campanha de conquistas de mais território para o novo país surgido. Quem lutou ao lado de Afonso Henriques? Soldados e bravos cavaleiros templários. Ordem esta, (ordem do Templo) a qual D. Afonso Henriques também pertencia.
Sabe a história desta Ordem? Pois bem, de uma forma sucinta, perseguida e aniquilada de forma brutal pela igreja.
Continuando, D. Afonso II, neto de D. Afonso Henriques, acaba a sua vida excomungado por retirar posses e privilégios ao clero, uma vez que o seu avô teve de os dar a Roma para que esta aprovasse, pelo Papa Alexandre III, Portugal como estado independente e soberano no ano de 1179, passados 51 anos da independência decretada por D. Afonso Henriques, como pode ver, teve de se encher muito bem os cofres de Roma antes que esta tomasse uma decisão.
D. Sancho II, continuando a política de seu pai, acaba também por ser excomungado e deposto por Roma, criando esta uma crise monárquica em Portugal. Afonso III entra em Portugal e sucede a seu irmão que é exilado.
A universidade de que fala, deve a sua origem ao grande Homem que foi D. Diniz, Rei de Portugal. Foi devido à sua hábil e maestra condução do caso dos Templários em Portugal, a quando da sua extinção oficial em 1312, que converteu esta ordem na ordem de Cristo, conseguindo assim preservar tanto o património como o muito conhecimento que esta possuía sobre várias matérias.
Para não me alargar mais, ainda lhe recordo a inquisição, que colocou a Europa na total escuridão de espírito. Uma inquisição que se inicia a 1184 na barbara perseguição aos Cátaros. Portugal, mais uma vez consegue distanciar-se e proteger-se de Roma, não se fazendo sentir em muito a inquisição nestas terras tendo em conta como foi a inquisição no resto da Europa.
Em 1821 as cortes portuguesas decidem findar a inquisição em Portugal, passados aproximadamente 637 anos, durante os quais o pensamento do Homem deixou de ser livre e foi somente João Paulo II, passados aproximadamente 800 anos do seu inicio das perseguições, que pede perdão deste acto de consequências inestimáveis para a Humanidade.
Por esta breve explanação, sem duvida que a influência que a Igreja teve, não só no nosso País, dá que pensar e que questionar, ou não?
Ou será que me vai responder que são 20 anos de tentativa de correcção que corrigem 800 anos de atrocidades e intrigas, ou talvez 2000 anos?
Mem Gimel