quinta-feira, abril 27, 2006

Pensamento

"Heinrich Fueger 1817 Prometheus "

O mar abraçou o movimento
que flúi para ele na corrente do rio.
Deu morte à vida que do seu ventre saiu,
a rainha que governa o trono do tempo.

Ao abismo o gerado se lançou
e o divino inverteu o seu pensamento.
Nas águas projectou a imagem do templo
e na terra a sua vontade germinou.

Cresce pelo velado fio-de-prumo
a obra que segue o princípio
O desvio dissolve-se no início
pois a lâmina colheu-o fora do rumo.

Roubada foi a verdade criada.
Retirada ao céu, nas trevas se fez luz.
Abraça a morte na revelação que produz
à beira da estrada que deixou iluminada.

Mem Gimel

sexta-feira, abril 21, 2006

Ao Homem

Aquele que diz que sabe,
pense quatro vezes antes de dizer.
Provavelmente está morto e não sabe
no mundo que diz conhecer.

O tempo que a vida dura,
é o segundo antes de morrer.
Quanto mais na terra procura,
mais sofre no segundo que lhe resta viver.

Um oceano enche com as suas lágrimas.
Cria tempestades por não saber sonhar,
a beleza da vida nas suas páginas
sempre tida, sem nunca a imaginar.

Pensou que o ar era vazio,
transportou o ar o seu pensamento.
A ideia de ser um vadio,
quando foi rei nesse mesmo momento.

O fogo por fim consome,
a única verdade que restou.
Aprendeu a pronunciar o seu nome
e pelas portas do céu entrou.

Mem Gimel

terça-feira, abril 18, 2006

Mensagem

“Os falsos sábios, reconhecendo a irrealidade comparativa do universo, imaginaram que podiam transgredir as suas leis: estes tais são vãos e presunçosos, loucos; eles quebram-se nas rochas e são feitos em pedaços pelos elementos, por causa da sua loucura. O verdadeiro sábio, conhecendo a natureza do universo, emprega a lei contra as leis, o superior contra o inferior; e pela Arte da Alquimia transmuta aquilo que é desagradável em agradável e deste modo triunfa. O domínio não consiste em sonhos anormais, em visões, na vida e imaginações fantásticas, mas sim no emprego das forças superiores contra as inferiores, escapando assim das penas dos pianos inferiores pela vibração nos superiores. A transmutação não é uma denegação presunçosa, é a arma ofensiva do Mestre.”

Kybalion

sexta-feira, abril 14, 2006

Daath

O conhecimento ascende a consciência.

Mem Gimel

terça-feira, abril 11, 2006

EVANGELHO SEGUNDO MARIA MADALENA

Numa altura em que se comemora a vitória da vida sobre a morte, onde se festeja o espírito da natureza que se desprende da terra infernal, a Igreja, tenta encher o coração dos seus fiéis com a mensagem da festa que associou a esta época, a Páscoa, ou seja, a morte de Cristo e a sua ressurreição.

Tendo em conta que as noções de alma e espírito, escapam a 99% dos Cristãos , a mensagem que esta quadra deixa impressa na mente dos mesmos é a seguinte: coitado do Jesus que morreu com tanto sofrimento, para salvar a Humanidade. Vamos chorar por ele e dar graças que tenha ressuscitado. Pelo menos está melhor que nós. Bem, nós cá ficamos à espera que ele chegue com as suas hostes de anjos para nos salvar do mal.

Pobres cordeiros, diria Jesus.

Como é sabido existem vários textos que não foram seleccionados pelos eruditos padres que escolheram os quatro evangelhos que formam o Novo Testamento. O interessante é que esses textos rejeitados são de uma riqueza tremenda ao nível de conhecimento que possibilita a expansão da consciência.

Tomando a boleia da quadra, numa altura em que o nome de Judas anda na moda, coloco aqui não um texto sobre essa assinatura, mas um outro texto atribuído a Maria Madalena. Um texto com uma mensagem tremenda, que para aqueles que possuam o entendimento, irão sentir o quão simples é a verdade.

Um Abraço e boas leituras

Mem Gimel


EVANGELHO SEGUNDO MARIA MADALENA

Disse o Salvador: "Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e vão-se separar novamente na sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo na sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça".

Pedro disse-he: "Já que nos explicaste tudo, diz-nos isto também: o que é o pecado do mundo?" Jesus disse: "Não há pecado ; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem."

Em seguida disse: "Por isso adoeceis e morreis [...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque-as em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo desequilibra-e. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurai as forças das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça."

Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: "A Paz esteja convosco. Recebei a minha paz. Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do caminho, dizendo: 'Por aqui' ou 'Por lá', Pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas".Após dizer tudo isto partiu.

Mas eles estavam profundamente tristes. E falavam: "Como vamos pregar aos gentios o Evangelho ao Reino do Filho do Homem? Se eles não o procuraram, vão nos poupar?" Maria Madalena levantou-se, cumprimentou a todos e disse a seus irmãos: "Não vos lamenteis nem sofreis, nem hesiteis, pois a sua graça estará inteiramente convosco e vos protegerá. Antes, louvemos a sua grandeza, pois Ele preparou-nos e fez-nos homens". Após Maria ter dito isto, eles entregaram os seus corações a Deus e começaram a conversar sobre as palavras do Salvador.

Pedro disse a Maria:"Irmã, sabemos que o Salvador amava-te mais do que a qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos."

Maria Madalena respondeu dizendo: " Esclarecerei a vós o que está oculto". E ela começou a falar estas palavras: "Eu", disse ela, "eu tive uma visão do Senhor e disse-lhe: 'Mestre, apareceste-me hoje numa visão'. Ele respondeu-me: 'Bem aventurada sejas, por não teres fraquejado ao ver-me. Pois, onde está a mente há um tesouro'. Eu disse-lhe: 'Mestre, aquele que tem uma visão vê com a alma ou como espírito?' Jesus respondeu e disse: "Não vê nem com a alma nem com o espírito, mas com a consciência, que está entre ambos - assim é que tem a visão [...]".

E o desejo disse à alma: 'Não te vi descer, mas agora vejo-te subir. Por que falas mentira, já que pertences a mim?' A alma respondeu e disse:'Eu vi-te. Não me viste, nem me reconheceste. Usaste-me como acessório e não me reconheceste.' Depois de dizer isto, a alma foi-se embora, exultante de alegria. "De novo alcançou a terceira potência , chamada ignorância. A potência, inquiriu a alma dizendo: 'Onde vais? Estás aprisionada à maldade. Estás aprisionada, não julgues!' E a alma disse: ' Por que me julgaste apesar de eu não te haver julgado? Eu estava aprisionada; no entanto, não aprisionei. Não fui reconhecida que o Todo está desfazer- se, tanto as coisas terrenas quanto as celestiais.' "Quando a alma venceu a terceira potência, subiu e viu a quarta potência, que assumiu sete formas. A primeira forma, trevas,; a segunda , desejo; a terceira, ignorância,; a quarta, é a comoção da morte; a quinta, é o reino da carne; a sexta, é a vã sabedoria da carne; a sétima, a sabedoria irada. Essas são as sete potências da ira. Elas perguntaram à alma: ´De onde vens, devoradora de homens, ou onde vais, conquistadora do espaço?' A alma respondeu dizendo: ' O que me subjugava foi eliminado e o que me fazia voltar foi derrotado..., e meu desejo foi consumido e a ignorância morreu. Num mundo fui libertada de outro mundo; num tipo fui libertada de um tipo celestial e também dos grilhões do esquecimento, que são transitórios. Daqui em diante, alcançarei em silêncio o final do tempo propício, do reino eterno'."

Depois de ter dito isto, Maria Madalena calou-se, pois até aqui o Salvador tinha-lhe falado. Mas André respondeu e disse aos irmãos:"Dizei o que tendes para dizer sobre o que ela falou. Eu, de minha parte, não acredito que o Salvador tenha dito isso. Pois esses ensinamentos carregam idéias estranhas". Pedro respondeu e falou sobre as mesmas coisas. Ele inquiriu-os sobre o Salvador:"Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos o que ela diz? Ele preferiu-a a nós?" Então Maria Madalena lamentou-se e disse a Pedro: "Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isto no mau coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?" Levi respondeu a Pedro: "Pedro, sempre fostes exaltado. Agora vejo-te competindo com uma mulher como adversário. Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador conhece-a bem. Daí a ter amado mais do que a nós. É antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o homem perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou."

Depois que Levi disse essas palavras, eles começaram a sair para anunciar e pregar.

sexta-feira, abril 07, 2006

Escada

Entre a base firme de dois degraus consecutivos, o passo quando é dado, durante um período de tempo, obriga o pé a cruzar o vago do espaço.

Entre dois princípios objectivos situa-se um caminho subjectivo.

O espaço entre duas ideias é infinito e flexível.
O espaço de uma ideia é finito e inflexível.

A lógica desvenda o consciente.
A inspiração cristaliza o inconsciente.

Aqui encontra-se uma fechadura.

Mem Gimel

segunda-feira, abril 03, 2006

Ordem

Um sentimento universal, mesmo que inconsciente em muitas pessoas, é o sentimento da implementação de determinada Ordem. Esta ordem pode ser atingida pela estruturação ou “cristalização” dos elementos do meio circundante ou através da destruição do meio para que sobre este possa actuar determinada força que permita uma nova “cristalização”.

O Homem, a todo o tempo, constrói e destrói ideias, pensamentos, sentimentos, formas físicas, etc.. e ao longo deste processo o Homem toma consciência e aprende.

Cada individuo é um ser único, possuidor de um conjunto de ideias que criam em seu redor uma esfera de influências, ou seja, cada individuo cria em seu redor um universo que é o reflexo daquilo que possui interiormente. Este é um facto fácil de constatar. No entanto, este individuo não é único e o seu universo interage com universos próximos e como um sistema planetário que é atravessado por uma chuva de poeira cósmica, causadora de distúrbios na superfície de determinados dos seus planetas , este sente também de uma forma construtiva ou destrutiva a influência dos diversos sistemas a que está sujeito. Ordem, desta forma, transforma-se numa espécie de oscilador e é então que a vontade interior de cada um adquire um papel fundamental.

É certo e sabido que na natureza, apenas existe num determinado período de tempo as formas que reflictam as leis naturais vigorantes. Tudo o que deixa de ser natural a natureza mais tarde ou mais cedo acaba por eliminar.

O espiritual pede para ser materializado e a matéria aguarda ser espiritualizada. Em torno desta ideia o Homem deve procurar construir o mundo em seu redor, este Homem somos todos nós. O caos aguarda ser ordenado, porque sempre que o Homem ordena um pouco do sistema, surge uma pepita de ouro pronta a mostrar o seu brilho.

A vontade de cada um deve imperar sobre essa força oculta que movimenta a matéria negra, da mesma forma que ninguém gosta de viver na imundice e se esforça para ordenar a casa onde mora, assim, deve sentir a força de vontade para tentar ordenar por exemplo o seu interior, as suas emoções, sentimentos, pensamentos. Ordem esta que deve ser no sentido das forças geradas pelos princípios universais. Princípios que embora pareçam difíceis de encontrar, embora a maioria das religiões os tente explicar e de regra geral, mal, são fáceis de verificar através da ordem manifesta no mundo e no cosmos.

Se o Homem quer a felicidade à sua volta, tem de a possuir interiormente. Entender os ciclos do tempo e principalmente ter a força de vontade para nunca esquecer que as flores brotam sempre na primavera, mas primeiro à que lançar as sementes à terra.

Não são necessários grandes tratados místicos para entender, nem atirar nas mãos de qualquer Deus o futuro de cada um e da Humanidade, pois mesmo um Deus disse ao Homem para cuidar do seu jardim, e o inicio desse é no interior de cada Homem e de cada coisa.

Mem Gimel