Em torno da Igreja
Pela formação científica que possuo, aprendi que tudo tem a sua lei, mesmo um corpo emocional, mental e espiritual e que tudo se verifica no seu plano de existência. Tudo deve ser testado antes de se aceitar com certo. Muitas vezes, por exemplo, até se tem que aceitar o oposto como certo para concluir no final da experiência que este está errado. No entanto o que observo no tocante a temas interiores é que a maior parte das pessoas aceita tão facilmente o que lhe é dado, que nunca irá ter a coragem necessária de analisar, mesmo que no final conclua que sempre esteve certo(a), o conhecimento recebido. Sempre me ensinaram a não decorar equações mas sim a deduzi-las.
Na vida, entre os dados iniciais e os finais, julgo que a maior parte das pessoas já disse para si mesmo que – Há alguma coisa que não encaixa entre o que acontece e o que acredito. Pois bem, deduza-se.
O seguinte texto é um excerto de um artigo escrito por Dion Fortune acerca dos mistérios do cristianismo. Penso que são uns parágrafos que merecem ser reflectidos por quem se interessar pelas estacas que sustentam o palco.
Mem Gimel
“(..) O cristianismo disseminou-se de inicio entre pessoas iletradas, as quais, já incumbidas do horror que tinha o Homem decente diante da decadência da religião popular, e incapazes, por lhe faltarem as letras, de compreender o ponto de vista dos filósofos, condenaram toda instrução como coisas do demónio, dado que muitas pessoas instruídas se haviam deixado levar pelo mal.
E foi assim, que a ascensão do cristianismo testemunhou o declínio da instrução, e ainda que os piores vícios pagãos tivessem por certo sido destroçados pela abolição das religiões corruptas, mana a honestidade admitirmos que esses vícios não eram inerentes ao paganismo, mas à natureza humana, alem de que a erradicação das fés antigas não eliminou a fraqueza humana.
Instaura-se o divorcio entre a instrução e a religião; a metafísica foi abandonada aos filósofos e o cristão passou a preocupar-se com a ética e com a teologia dogmática baseada numa interpretação das sagradas escrituras a que faltavam algumas chaves – a Cabala, que detinham os autores dos livros do Antigo testamento e a Gnose, que possuíam os autores dos livros do Novo Testamento. Em consequência, muitos termos técnicos da filosofia de ambas essas escolas de mistério deixaram de ser reconhecidos e foram traduzidos de maneira tão errónea que se viram privados por completo do seu significado, tendo passagens inteiras sido pervertidas ou tornadas incompreensíveis.
O hiato entre o cristianismo e a filosofia aumentou quando o imperador Constantino fez uso da igreja para propósitos políticos. Foram designados para altas posições homens cujas qualificações residiam antes nas sua concepções politicas em vez das concepções espirituais. O elevado espírito místico da filosofia perdeu-se para a Igreja, o mesmo ocorrendo com a metafísica. A idade das trevas seguiu o seu malfadado curso e só quando a renascença veio a libertar e a inspirar o espírito humano, voltou aquele misticismo a levantar a cabeça no ambiente Cristão.
Com o Renascimento houve uma repentina erupção de actividade em todas as áreas da vida humana, passada a longa inércia da idade das trevas; mas o canal de ligação com as escolas de mistério desagregara-se e quando os Homens se dedicaram ao estudo dos filósofos antigos, a sua abordagem destes foi feita a partir de fora e não de dentro. Esses filósofos eram reconhecidos como iniciados de uma ou outra escola dos mistérios e empregavam os elementos técnicos desses ritos. Sem a chave, os seus escritos são em larga medida incompreensíveis. Estudiosos aos quais falta a iniciação, ao tentar abordar esses filósofos antigos à luz do puro conhecimento académico, vêem-se na situação do leitor inteligente moderno que tenta dominar um livro de física sem nenhuma familiaridade precedente com a matemática. Muitos dos termos técnicos empregados serão por ele identificados, mas estará a compreender os mesmos no seu sentido popular e não no seu sentido técnico e por isso não irá ter as condições de acompanhar a argumentação. (…)”
Dion Fortune
Na vida, entre os dados iniciais e os finais, julgo que a maior parte das pessoas já disse para si mesmo que – Há alguma coisa que não encaixa entre o que acontece e o que acredito. Pois bem, deduza-se.
O seguinte texto é um excerto de um artigo escrito por Dion Fortune acerca dos mistérios do cristianismo. Penso que são uns parágrafos que merecem ser reflectidos por quem se interessar pelas estacas que sustentam o palco.
Mem Gimel
“(..) O cristianismo disseminou-se de inicio entre pessoas iletradas, as quais, já incumbidas do horror que tinha o Homem decente diante da decadência da religião popular, e incapazes, por lhe faltarem as letras, de compreender o ponto de vista dos filósofos, condenaram toda instrução como coisas do demónio, dado que muitas pessoas instruídas se haviam deixado levar pelo mal.
E foi assim, que a ascensão do cristianismo testemunhou o declínio da instrução, e ainda que os piores vícios pagãos tivessem por certo sido destroçados pela abolição das religiões corruptas, mana a honestidade admitirmos que esses vícios não eram inerentes ao paganismo, mas à natureza humana, alem de que a erradicação das fés antigas não eliminou a fraqueza humana.
Instaura-se o divorcio entre a instrução e a religião; a metafísica foi abandonada aos filósofos e o cristão passou a preocupar-se com a ética e com a teologia dogmática baseada numa interpretação das sagradas escrituras a que faltavam algumas chaves – a Cabala, que detinham os autores dos livros do Antigo testamento e a Gnose, que possuíam os autores dos livros do Novo Testamento. Em consequência, muitos termos técnicos da filosofia de ambas essas escolas de mistério deixaram de ser reconhecidos e foram traduzidos de maneira tão errónea que se viram privados por completo do seu significado, tendo passagens inteiras sido pervertidas ou tornadas incompreensíveis.
O hiato entre o cristianismo e a filosofia aumentou quando o imperador Constantino fez uso da igreja para propósitos políticos. Foram designados para altas posições homens cujas qualificações residiam antes nas sua concepções politicas em vez das concepções espirituais. O elevado espírito místico da filosofia perdeu-se para a Igreja, o mesmo ocorrendo com a metafísica. A idade das trevas seguiu o seu malfadado curso e só quando a renascença veio a libertar e a inspirar o espírito humano, voltou aquele misticismo a levantar a cabeça no ambiente Cristão.
Com o Renascimento houve uma repentina erupção de actividade em todas as áreas da vida humana, passada a longa inércia da idade das trevas; mas o canal de ligação com as escolas de mistério desagregara-se e quando os Homens se dedicaram ao estudo dos filósofos antigos, a sua abordagem destes foi feita a partir de fora e não de dentro. Esses filósofos eram reconhecidos como iniciados de uma ou outra escola dos mistérios e empregavam os elementos técnicos desses ritos. Sem a chave, os seus escritos são em larga medida incompreensíveis. Estudiosos aos quais falta a iniciação, ao tentar abordar esses filósofos antigos à luz do puro conhecimento académico, vêem-se na situação do leitor inteligente moderno que tenta dominar um livro de física sem nenhuma familiaridade precedente com a matemática. Muitos dos termos técnicos empregados serão por ele identificados, mas estará a compreender os mesmos no seu sentido popular e não no seu sentido técnico e por isso não irá ter as condições de acompanhar a argumentação. (…)”
Dion Fortune
1 Comments:
Sr. Carlos Tavares, muito bom dia.
Fico contente em saber que possui as capacidades necessárias para ler obras densas, no entanto desconheço o seu conceito de profundidade textual. Contudo, com a minha humilde “capacidade”, assim que tiver oportunidade irei encetar a leitura recomendada. Espero no entanto, que não tenha vestido o hábito de missionário Jesuíta e me esteja a tentar evangelizar através da palavra papal. Não o tomo como defensor da velha ideia da Igreja, que esta no entanto se tenta livrar, de que tudo o que não seja obra de Roma é obra de selvagens adoradores do diabo.
Contudo, no entanto não compreendo, se de uma forma tão imediata se considera detentor de uma capacidade que outros não possuem, indo um pouco de encontro contra as virtudes de São tomas de Aquino, também não saiba ver que para além da coincidência de formação, pouco mais nos conhecemos para que nos possamos tratar na segunda pessoa.
De qualquer das formas, estou grato pela opinião.
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