segunda-feira, outubro 31, 2005

Samhain


O calendário celta está divido em duas partes principais. Esta divisão e as restantes sub divisões estão intrinsecamente relacionadas com os ciclos solar e lunar, a luz e as trevas e a sua estreita relação com a vida na terra. Com este calendário, o ciclo anual da natureza foi modelado, descobrindo-se as alturas exactas do preparar as terras, das colheitas, do armazenamentos e por aí.

O primeiro dia do ano celta anuncia a entrada do Inverno, as trevas, e ocorre na primeira lua cheia mais próximo do dia 1 de Novembro, ao passo que o inicio do verão toma lugar na primeira lua cheia mais próxima do dia 1 de Maio. As outras luas mais importantes são as luas cheias que se situam no meio de cada um destes dois ciclos, nestas também ocorrem festivais. A juntar a este calendário foram também colocados os pontos mais marcantes do ciclo solar, ou seja, os equinócios e os solstícios e desta forma surgem os oito principais dias festivos celtas.
Este calendário foi traçado de forma a alinhar os ciclos da lua com o ciclo agrícola colocando para segundo plano o ciclo solar.


Samhain é o nome que se dá a este dia festivo, geralmente celebrado, no hemisfério norte, no dia 31 de Outubro ou 1 de Novembro. Um dos oito Sabatts celebrados pelos cultos neo-pagãos.

Neste dia, já dizia a tradição celta, que sendo um dia de mudança, os deuses se aproximavam da terra, sendo um dia propício para sacrifícios em sua honra. Por outro lado, durante a noite de Samhain, de acordo com a lenda, as barreiras entre os mundos desvanecem e as forças do caos invadem esta realidade. A fusão entre o mundo material e o mundo dos mortos. Neste dia, os espíritos daqueles que já faleceram e de aqueles que ainda estão para encarnar caminham por entre os vivos, podendo comer e entreterem-se no seio destes. Daqui também a tradição de à mesa se colocarem lugares vazios, para que aqueles familiares que já partiram possam regressar e cear nesta noite com os seus entes queridos.

Por outro lado, na sua política de conquista espiritual que Roma sempre utilizou, através do método da assimilação dos dias festivos mais importantes dos cultos que queria dominar e subverter, é introduzido pelo papa Bonifácio IV, no século VII, o dia de todos os santos, comemorado a 1 de Novembro.

Feliz Samhain para todos.

Mem Gimel

quinta-feira, outubro 27, 2005

O caminho



Saudações a todos

Está quase a fazer um ano que comecei a escrever este espaço perdido na mente. Como tal, decidi publicar novamente o primeiro texto que escrevi.

Eis a Força Motriz do Cosmos.

O amor é o que nos coloca no mar das duvidas.
Com a dor pisamos em terras firmes de certezas.
Com as certezas atingimos o estado máximo do amor, a contemplação, que se situa entre a espuma das ondas e a areia molhada.

Se alguém conseguir travar no ponto central deste processo harmónico, encontrará o caminho perpétuo que sempre existiu mas nunca foi visto, pois este situa-se sempre perpendicularmente ao caminho óbvio que a mente toma.
Quem conseguir travar esta mola, poderá saltar para uma nova estrada onde não se ama nem se sofre, apenas se entende.

Este é o caminho do Templo dos Homens, o caminho no qual nós temos a consciência do nosso caminho na construção da memória colectiva da Humanidade, onde cada pedra da calçada foi uma vida que morreu por nós, onde cada pedra do Templo foi uma vida que morreu por nós, onde os nossos passossão guardados para evitar que escorreguemos, e para onde irá o nosso corpo fisico, para que possamos guardar os passos de outros na direcção do ponto singular mas infinito que é a consciência que repousa no altar da Humanidade e que é a contribuição dos espiritos que com bravura impeliram o movimento da mola harmónica da vida, mesmo que não soubessem que o estavam a fazer.

Quando chegardes à entrada e olhardes para a singularidade ireis sentir-vos esmagados pelo peso da simplicidade, pelo peso de não terdes palavras para explicar o que mais simples existe na Humanidade, que é a sua propria existência.

Mem Gimel

quarta-feira, outubro 19, 2005

A chave

Texto retirado do Corpus hermeticum

Dialogo entres Hermes trismegistus e o seu filho, Tat.

“(..) O vicio da alma é a ignorância. Realmente, quando uma alma não adquiriu nenhum conhecimento dos seres, nem da sua natureza, nem do bem, quando é cega, sofre os embates violentos das paixões corporais. Então a infeliz, para ignorar-se a si mesma, torna-se escrava do corpo monstruoso e perverso. Carrega o seu corpo como um fardo, não comanda, sendo todavia comandada. Tal é o vício da alma.

Ao contrário, a virtude da alma é o conhecimento: pois aquele que conhece é bom e piedoso, já divino.

- Que espécie de ser Humano é essa, ó pai? – É o ser Humano que fala pouco a pouco e escuta. Pois aquele que perde o seu tempo a disputar as novas, golpeia o ar, filho.

- De facto, Deus, o Pai e o Bem, não se deixa ensinar pela palavra nem aprender pela audição. Nestas condições. Nestas condições, se todos os seres possuem os órgãos dos sentidos por não poderem viver sem eles, o conhecimento difere muitíssimo da sensação. A sensação só se produz na dependência do objecto que nos impressiona, ao passo que o conhecimento é a perfeição da ciência , que por si só é um dom de Deus (..)”

Hermes Trismegistus



Mem Gimel

terça-feira, outubro 11, 2005

Liberdade

Escrever no íntimo do horizonte
a linha das palavras de uma vida.
Ser na Aurora o grito de um poeta,
no momento, a liberdade repleta
da palavra que de mim irrompe,
real ser ou fantasia.
Beber o Amor na água da tua fonte
e no poente, ter na morte poesia.


Dux Mem Gimel Trismegistus

quinta-feira, outubro 06, 2005

O Absurdo

O Homem, hoje em dia têm-se como um ser racional, capaz de separar e classificar a natureza em grupos e sistemas desventrando destes todas as leis que os gerem.

Afirmando ser consciente de tudo, munido com a ciência para a explicação dos factos. Existe para ele a natureza já explicada e tudo mais um dia terá justificação. Para as verdades que não alcança, mais propriamente as relacionadas com a criação do universo utiliza a fé como justificação e assim essa lacuna vai sendo preenchida ao longo da sua vida.

Imaginemos que a ciência por meio dos seus métodos desvenda o mistério da origem de tudo. Imaginam a confusão que seria nas mentes das pessoas ao depararem que o seu Deus é x = z + y? Aqui devem estar a questionar-se que. Ok mas de certeza que a meta de Deus agora seria diferente!? Sim, sem dúvida que seria e surgiria um novo leque de mentes a acreditar num novo conceito de Deus. Então o que é Deus? O que é a ciência? O que é a natureza?

A dada altura, a ciência que englobava conceitos espirituais e materiais, põe de parte o espírito e apenas se dedica à matéria, aos fenómenos visíveis. O que é isto do espírito? Bem, para melhor entendimento chamemos espírito à mecânica mental. Sem desprezar grandes nomes da física, dá-se ao longo do tempo um evoluir da ciência do macro para o micro e daqui para o provável. Newton com a sua mecânica clássica, Einstein com a sua mecânica relativista, Heinsenberg com a sua incerteza e tantos outros como Bohr que fundam uma mecânica quântica, onde os corpos muitas vezes ao mesmo tempo adquirem contornos de massa e de energia.

Com este avançar, o laboratório do físico vai-se alterando, sendo apetrechado com todos e mais alguns aparelhos que produzem as maravilhas de Deus. Até onde vai a ciência? Terá ela limites? Claro que não tem limites o único limite é Deus. O conceito de ciência é que será alterado porque mais tarde ou mais cedo o Homem irá notar que a ultima forma energética que descobrir não termina aí e que o elo de ligação encontrasse na sua mente. Então a peça mais importante do laboratório será o seu corpo que é o templo que protege a sua consciência. Aqui, neste tempo a matéria e o espírito estarão de novos unidos.

Poucos serão os que entenderão este texto. Ter a consciência deste ponto de ligação entre o visível e o invisível alterará em muito a consciência da Humanidade. Irão cair Religiões e todo o conjunto de organizações que tiram proveito do que é o direito do Homem e do seu papel na construção do cosmos.

Não existem forças ocultas no sentido conferido por religiões, apenas existem verdades que não se conhecem ou melhor princípios que não se tem a consciência. Escrevo este texto para todos aqueles que se julgam intelectuais mas no entanto sem o conhecimento deles mesmos e que deixam este conhecimento nas mãos de credos, velas e domingos. Para aqueles que sem credos, os criem, porque são barcos à deriva.

O meu papel, bem, nestas linhas encarna em mim o arquétipo de Prometeu, ou melhor, Lúcifer.

Dux Mem Gimel Trismegistus