sexta-feira, setembro 30, 2005

Ouro

A coragem tem o seu oposto, a cobardia.

A vida é feita de movimento, por mais sólido que um corpo possa parecer, no seu ínfimo ondas de energia formam átomos e nada está parado.

Viver é estar sujeito a forças, é comandar forças é ser uma força.

Apenas um caminho leva à construção do império eterno, o conhecimento. A justiça assente sobre a partilha do mesmo, o fluxo e refluxo de energia.

A forma física nasce da ideia, assim é a pauta filha da mente do compositor, assim é uma criança, filho da ideia dos seus pais, assim é o cosmos filho da mente de Deus.

As verdades apenas se revelam aos que empreendem o sonho. Na aventura da descoberta os ventos soprarão contra e a favor. A Honra e os valores de cada um por si trarão a coragem e esta a força. O vazio de princípios fará reinar a cobardia.

Gloriosos os que morreram pela liberdade, porque esses sempre foram livres, no mundo onde tudo tem origem.

Gloriosos os que morrem pelos sonhos.


Não basta ser filósofo, não basta ser cientista. É no forno do Alquimista que nasce a Grande Obra.

Gloriosos os que morrem pelo Amor, pois esses terão vivido a Grande Obra.


Dux Mem Gimel Trimegistus

quarta-feira, setembro 28, 2005

Portador da Luz

Texto retirado de : A chave dos grandes mistérios

Eliphas Levi

"... Glória ao Espírito Santo que prometeu ao anjo da liberdade a conquista da terra e do céu.

O anjo da liberdade nasceu antes da aurora do primeiro dia, antes mesmo do despertar da inteligênci e Deus denominou-o estrela da manhã.

Ó Lúcifer, tu que te desligaste voluntária e desdenhosamente do céu onde o sol te inundava com sua claridade, para sulcar com teus próprios raios os campos agrestes da noite.
Brilhas quando o sol se põe e teu olhar resplandecente precede o nascer do dia.
Cais para de novo te levantares; experimentas a morte para melhor conhecer a vida.

És, para as glórias antigas do mundo, a estrela da noite; para a verdade renascente, a bela estrela da manhã!

A liberdade não é a licença: a licença é a tirania.

A liberdade é a guardiã do dever, porque ela reivindica o direito.

Lúcifer, cujas idades das trevas fizeram o gênio do mal, será verdadeiramente o anjo da luz quando tendo conquistado a liberdade ao preço da reprovação, fizer uso dela para se submeter à ordem eterna, inaugurando assim as glórias da obediência voluntária.

O direito é apenas a raiz do dever, é preciso possuir para dar.

Ora, eis como uma elevada poesia explica a queda dos anjos.

Deus tinha dado aos espíritos a luz e a vida, depois lhes disse: Amai.

- O que é amar?, responderam os espíritos.
- Amar é dar-se aos outros, respondeu Deus. - Os que amarem sofrerão, mas serão amados.
- Temos o direito de não dar nada, e nada queremos sofrer, disseram os espíritos inimigos do amor.
- Estais em vosso direito, respondeu Deus - e separemo-nos. Eu e os meus queremos sofrer e morrer, mesmo para amar. É nosso dever!

O anjo caído é pois aquele que desde o princípio recusou amar; não ama, e é todo o seu suplício; não dá, e é toda a sua miséria; não sofre, e é seu nada; não morre, e é seu exílio.

O anjo caído não é Lúcifer, o porta-luz, é Satã, o caluniador do amor.
..."

quinta-feira, setembro 22, 2005

Mabon


Eis que chegámos ao equinócio do Outono. Para todos existe a consciência de que a partir de hoje as noites são maiores que os dias e assim, sucessivamente, o escuro vai vencendo a outrora radiosa luz de verão.

Sobre o trono da roda da vida sentam-se agora os deuses das trevas enquanto que os deuses solares, cansados, adormecem. A partir de hoje a terra fica sujeita a uma nova maré, a maré do elemento ar, e a esta está associada a Ideia. É a altura em que o fluxo de criatividade aumenta, consciente ou inconscientemente.

Hermes, trás ao Homem as mensagens dos deuses e o mesmo Homem as coloca na mente e tenta desvendá-las subindo para isso até ao planalto que se situa no cimo das escarpas da sua personalidade.

Chegámos aos meses dos Oráculos.

Dux Mem Gimel Trismegistus

sábado, setembro 17, 2005

Espirito

Deve a palavra regressar à origem como uma gota de água no cálice divino cuja água sacia a sede da resposta. Compete ao Homem sentir a sua frescura e leveza e partir em descoberta da fonte para entender o seu mistério.

O verdadeiro Eu é um átomo cósmico que se situa no sétimo plano cósmico em torno de uma grande entidade que é o Logos, desde que esta saiu do repouso central.
O Homem real é da mesma natureza que o Logos, logo é imanifesto relativamente ao universo que está numa dimensão diferente.

Acompanhando a evolução do Logos também ele deseja evoluir, então cria uma imagem de si que é um aspecto que deseja manifestar. Esta imagem é projectada no universo Logoidal, logo, inclui a imagem do plano Logoidal para a evolução.
Este aspecto de manifestação, esta imagem ou luz que atravessa os quatro planos e manifestação dá-se o nome de Espirito.

O Espirito por sua vez é dividido em duas unidades: Uma personalidade evolutiva, que compreende a imagem no plano espiritual e no plano mental subtil e uma personalidade encarnada que é o conjunto de imagens nos restantes planos, mental denso, astral e físico.

A evolução do verdadeiro Eu é assim um aperfeiçoar, um harmonizar do espirito tendo em conta o plano escolhido pelo Logos para a sua evolução uma vez que é no universo por ele criado que manifesta o seu principio. Para isto existe um continuo movimento harmónico de adormecer e acordar, que no plano físico é entendido pele mente como nascer e morrer, de forma a por em prática a experiência assimilada e compreendida sob a forma de princípios.

Dux Mem Gimel Trismegistus

domingo, setembro 11, 2005

Magus

“- O verdadeiro eu é o significado do verdadeiro desejo: Conhece-te a ti mesmo pelo teu caminho.

- Calcula bem a formula do caminho.

- Cria livremente; absorve alegremente; divide intencionalmente; consolida completamente.

- Trabalha o teu Omnipotente, omnisciente, omnipresente, na e para a eternidade.


Aleister Crowley”

sexta-feira, setembro 09, 2005

Agnus

A noite chegara, observava aquela pequena constelação, brilhante, que o meu povo adorava há séculos. A via láctea fazia-se notar no seu máximo esplendor e por entre as estrelas procurava o nome secreto, o nome do amor, aquele que nos recordaria para sempre, no qual deixaríamos gravadas as nossas almas, para que um dia o sonho se realizasse novamente.

A esperança nascera de novo em mim, pelo poder da sua singularidade, da sua unicidade nesta terra que eternamente será recordada como mágica. O pensamento de quão infinito é o universo e cujas leis enunciava, um dia o Homem iria compreender, mas por agora, assim como está escrito nas profecias o dia se fará noite e esta durará por muitas luas.
Ali, no ponto mais elevado mais parecia tocar o céu, perto dos deuses, comungando com eles a beleza deste continente perdido, derramando lágrimas por aquilo que fomos e por aquilo que nos tornámos e por isso mesmo esta seria a última ceia, o ultimo banquete divino.

O tempo para nós era curto, aquele paraíso onde as estrelas beijavam os lagos já não era mais seguro pelas mãos de Atlas. Teríamos de partir como os demais que já tinham iniciado a caminhada. Comigo transporto o sonho de encontrar em algum ponto do universo o novo local onde a Atlântida de novo renascerá.

O meu nome Agnus, Sacerdote Atlante.

quarta-feira, setembro 07, 2005

No cais

Sentei-me no cais. É impossível tirar alguma memória de mim ou ausentar-me dos meus sonhos. Desejava ser criança para me perder no mundo da ilusão, num mundo imaginado, perfeito aos meus olhos, o meu mundo. A manhã seria sempre mágica e por entre a azáfama daquela gente, nas brincadeiras dos miúdos descobria novas terras. Epopeias deslizavam como berlindes, heróis do nada e do tudo eram invocados adquirindo vida momentaneamente através do sopro das emoções que brotavam espontaneamente daqueles corações inocentes, ingenuamente felizes. A mesma felicidade que o Homem, frio como as pedras beijadas pela bruma, abandonou ao crescer.

As horas daquela manhã passavam e assim, como o tempo da minha vida também um dia terminaria, novamente sobre a grande roda da vida iria ter o prazer de voltar a ser criança.


Dux Mem Gimel Trismegistus

segunda-feira, setembro 05, 2005

A outra face

Ao longo do tempo que levo na senda da procura das verdades universais, concluo que o conhecimento apenas abre os portais da mente quando o Homem ama o que conhece. Não apenas um amor racional mas também um amor espiritual.

Existem princípios que se aplicam universalmente e da mesma forma que um corpo atrai outro corpo, um sentimento irá atrair outro sentimento. A veracidade de todas as leis verificasse no corpo, como na mente; no espaço e no tempo, porque tudo é um todo, da mesma forma que o quente e o frio são apenas estados relativos do que se entende por temperatura.

O conhecimento é um direito do Homem. Aquele que conhece pode ser um Homem culto mas somente aquele que sente pode ser um sábio.

Na natureza o Homem sempre se apercebeu em determinados fenómenos de um determinado carácter dual. A existência de dois pólos cria entre estes uma força que num estado de equilíbrio assegura a existência de uma unidade cuja essência é bipolar. A verdade é que tudo tem o seu oposto e tudo procura o estado de equilíbrio. Basta meditar um pouco e rápido se chegará a esta conclusão, mesmo as verdades não palpáveis estão sujeitas à polaridade.

Pela falta de compreensão de que tudo no cosmos não se perde, apenas se transforma, de um medo auto imposto à natureza no seu carácter de criadora e destruidora, o Homem, começou a olhar para os pólos do sistema e não para o sistema em si. O Homem hoje em dia ama uma parte e odeia a outra, quando o amor deveria ser o sentimento que resulta do equilíbrio. O Homem hoje arranjou um deus que venera como o deus das coisas boas e para os opostos da natureza, rejeitou-os, desagregou-os, e a eles lhes atribuiu o carácter de mal, voltando-lhe as costas. Com isto, aguarda um equilíbrio no mundo, cego aos seus actos, longe da consciência que o maior responsável por todas as forças em movimento quer interiores ou exteriores é ele mesmo e não esse Satanás que ele mesmo criou. Esta ideia é fácil de constatar pois é a mesma que amar as cargas eléctricas positivas esperando que pela potencialização destas se consiga um equilíbrio universal, esquecendo que algures no universo cargas eléctricas negativas se acumulam à mesma escala, estabelecendo uma força invisível que mais tarde ou mais cedo irá colocar o sistema em marcha na direcção do equilíbrio, arrasando tudo o que encontrar pela frente. O Amor, não é negado neste princípio, o amor é resultado deste princípio.

Aplicai esta ideia, tentai testá-la e vereis que o conceito actual de deus é o maior gerador de forças modificadoras, que encaminham o mundo para o seu fim.

Como nota final deixo aquela frase que tanto se ouve dizer por parte daqueles que se julgam detentores das verdades espirituais. Sim, de facto o problema é o Homem. Vós mesmos.


Dux Mem Gimel Trismegistus