quarta-feira, janeiro 13, 2010

Vale a pena visitar

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Anima Mundi

Finalmente, a consciência atinge o momento de absorver e compreender o movimento provocado pelo corpo. O tempo o anunciava, mas pela incompreensão do porquê desse sentimento, o corpo, fatigado, recusava-se a aceitar. A alma com o receio de morrer recusava-se a abandoná-lo pois havia-se apaixonado por ele.

Como dizia Platão o real são as ideias, pois essas são eternas. Mil formas pode um corpo tomar que a ideia que o originou será sempre a mesma.

Assim é esta ideia.

É com alegria que findo este mundo. A cortina desce sobre este lugar intemporal. Agradeço a todos os que me leram ao longo destes 3 anos de textos e mais textos.

Está na Hora de partir e desejar a todos um bem-haja, relembrando que as portas do conhecimento não estão em mais nenhum outro lugar se não em vós mesmos.


Mem Gimel

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Eternamente

Pudesse o som entoar mais longe que o corpo.
E não fosse o sangue a seiva de um pensamento
Seria o Homem Pai de um universo,
Um Deus mudo que faria florescer um jardim de palavras
Abraçando o perfume como o seu Filho
E o infinito seria as vozes que escutava em silêncio.
Morreria e renasceria eternamente
Até que os extremos do alfabeto se unissem
E dele apenas restasse a lembrança.
Um instante na mente de todos

Mem Gimel

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Relatividade Restrita


De inicio pensei que seria capaz de expor este tema de uma forma breve, mas ao terminar o rascunho do Post notei que não tinha sido tão breve como desejava ser e ao reler o que escrevi dei conta que talvez também não tenha exposto alguns conceitos da forma mais compreensível para quem não tenha noções básicas de física. Contudo, reescrevi vários parágrafos e tentei dar exemplos de situações comuns do dia a dia no intuito de fazer qualquer um vislumbrar a ideia subjacente a cada assunto em questão.

Não são só de aspectos interiores como também não são só de aspectos exteriores que se alimenta a consciência. O conhecimento interior permite-nos “Involuir”, ou seja, chegar às origens da unidade da consciência, e por seu turno, o conhecimento exterior permite-nos evoluir, ou seja, dominar o caos ou o cosmos e subjugá-los à nossa vontade. É no equilíbrio destas duas ciências que são apenas uma que reside a capacidade de um julgamento correcto de qualquer acontecimento.

Assim sendo, hoje pretendo abordar um tema completamente diferente dos que aqui já abordei. Definindo este Blog como um espaço onde sopra uma brisa mística, coloco nestas linhas não algo de esotérico mas algo de exotérico.

Se tiverem a paciência para ler as linhas que se seguem, penso que não vão ficar com o sentimento de tempo perdido.

De Einstein, todos conhecem, ou pelo menos todos já ouviram falar, nem que seja pelo epíteto de Grande Génio. O meu propósito não é falar da sua vida mas de um infinitésimo do conhecimento que legou à Humanidade, a Teoria da Relatividade Restrita.

Esta teoria é deveras surpreendente e ainda mais porque não se trata de um devaneio de um Génio louco, pois ela é válida e verifica-se na natureza, embora vozes recentes a tentem refutar em determinados pontos.

Conceitos diários para todas as pessoas como o tempo e o espaço, adquirem contornos surpreendentes e até mesmo bizarros quando se toma em conta a sua verdadeira natureza e é esta natureza, ou talvez parte dela, que Einstein trouxe ao domínio público.

Onde se vê um tempo contínuo, marcado pelo ritmo dos ponteiros do relógio, surge um novo conceito de tempo, que se dilata, como se agora fossem 22 horas e no instante a seguir fossem 3 horas do ano 2008, ou seja saltos no tempo. Por sua vez, o espaço contrai-se e até mesmo dobra-se, de maneira que ao abrirmos a porta da rua, aqui em Portugal, dávamos para o Central Park em New York. Ou seja fenómenos que se vêm em filmes de ficção cientifica e que na realidade a mente mal consegue alcançar.

Tudo começa por algo muito simples. Imaginemos um sujeito (A) que atira uma bola para um Sujeito (B)



Sendo V a velocidade com que a bola se desloca e X o espaço que a bola percorre, se desprezarmos o atrito do ar e do chão, podemos saber o tempo T que a bola demora a chegar até nós através da equação

T = X / V

Ou seja se A e B estiverem separados por 20 metros ( X=20) e a bola tiver uma velocidade de 20 Km/h = 5.6 m/s o Tempo T que a bola demora a chegar a B é

T = 20 / 5.6 = 3.6 segundos

É também fácil de visualizar que se B correr no sentido de A enquanto a Bola está vindo na direcção dele, o tempo que a bola demora a chegar a ele vai ser menor do que se estivesse parado a 20 metros de A.

Agora imaginemos a situação anterior que B corre na direcção de A e que nós estamos em cima da bola que vai na direcção de B. O que é que nós vemos?
1º - Vemos A a afastar-se de nós a uma velocidade de 20 km/h.
2º - Vemos B a aproximar-se de nós à velocidade da sua corrida.

Ou seja, para nós que estamos em cima da bola, na realidade a nossa velocidade não é de 20 Km/h, mas sim nula, apenas vemos alguém a afastar-se e alguém a aproximar-se. Ou seja, a velocidade de algo é relativa, assim o dizia a mecânica clássica, pois dependendo do ponto onde nos encontrássemos, assim seria a velocidade que iríamos medir. E agora visualizem: tudo no universo está em movimento, nada está parado na realidade.

Foi aqui que Einstein encontrou a “iluminação” e afirmou que independentemente do referencial escolhido a luz desloca-se sempre à mesma velocidade, ou seja, para a luz não acontece nada do género da bola, 20 km/h para uns e 0 km/h para outros. A luz tem para todos os referenciais uma velocidade constante cujo valor é C = 3E8 metros por segundo ou noutra notação 1080000000 Kilometros por hora . Conseguem ter uma ideia de algo a deslocar-se assim? Um automóvel atinge em média os 180 Kilometros por hora.

Uma viagem do Porto a Lisboa a esta velocidade demoraria aproximadamente 0.001 segundos.

Uma partícula elementar de Luz tem o nome de Fotão. É uma partícula de pura energia e desprovida de massa. E nós, o que aconteceria se nos deslocássemos a esta velocidade ou a uma velocidade próxima da velocidade da luz?

Bem, aqui entra a parte chata para alguns, as fórmulas e os cálculos. Mas são necessários às conclusões e se acompanharem o raciocínio nem são assim tão difíceis.

Imaginem a seguinte situação: estão dentro de um comboio que se desloca com uma velocidade V:




Entre o instante de tempo T1 e o instante de tempo T2 o comboio percorre a distância X. Agora no tecto do comboio existe um espelho onde vocês fazem incidir um Raio de luz que parte de uma fonte de luz, que é depois reflectido pelo espelho e captado por um receptor.



onde d é a distância entre o sistema de emissão/recepção e o espelho. O raio até ser detectado no receptor percorre uma distância igual a duas vezes d com uma velocidade C, a velocidade da Luz. Assim sendo, o tempo total ao qual vamos chamar DTo deste percurso é:

DTo = 2d / C

Mas para um observador que se encontre fora do comboio a assistir a esta emissão, reflexão e recepção, o que ele vê é algo deste género:



Onde X é a distância que o comboio percorre até o raio ser detectado pelo receptor e DT o intervalo de tempo que o comboio demora a percorrer essa distância. Ou seja, desenhando de uma outra forma,




onde 2L é a distância que o raio percorre para o observador exterior. Relacionemos agora o tempo DTo medido pelo passageiro do comboio e o tempo DT medido pelo observador exterior. V é a velocidade do comboio e V DT / 2 é a metade do espaço X.

Pelo teorema de Pitágoras temos que para um triangulo rectângulo, o maior comprimento deste, ou Hipotenusa, é dada pela raiz quadrada da soma dos quadrados dos lados, ou seja, para o nosso caso,



Bem, façamos agora uma pausa se é que tiveram a paciência para aqui chegar. A equação que deduzi anteriormente, afinal o que é que nos diz?
Se imaginarmos o mesmo exemplo anterior, que vamos dentro de um comboio que se desloca a uma velocidade V e que percorre uma determinada distância num intervalo de tempo, o tempo DT medido por um observador exterior ao comboio é diferente do tempo que nós medimos se formos dentro desse comboio ao realizar esse deslocamento.
Imaginemos duas situações:
1) Um comboio que se desloca a 200 Quilómetros por hora (55 metros por segundo) o tempo que ele demora a chegar a um determinado local é

DT = DTo / SQRT( 1- 55/3E8) , SQRT=raiz quadrada
DT=DTo

Ou seja a esta velocidade, se um observador exterior ao comboio cronometrar um tempo de 3 horas vai verificar que a pessoa que vai dentro do comboio também mediu 3 Horas

2) Um comboio que se desloque perto da velocidade da luz por exemplo a 2.5E8. Realizando os mesmos cálculos obtemos,

DT = 5.8 DTo

O que é que isto implica? O TEMPO DILATA-SE PARA QUEM VIAJE A UMA VELOCIDADE PERTO DA VELOCIDADE DA LUZ.

Se imaginarmos que este comboio se desloca durante um ano medido pelo observador exterior ao comboio, e que a pessoa que vai dentro do comboio é irmã gémea desse observador, quando o comboio parar, o gémeo que está dentro do comboio cronometrou apenas 63 dias ou seja está aproximadamente 10 meses mais novo que o seu irmão.

1 ano = 31556926 segundos

DTo = 31556926 / 5.8 = 5440849 = 63 dias

Este é um dos resultados da Teoria da relatividade, espero que tenham entendido pois aquilo que nos diz é algo simplesmente fantástico.

Mem Gimel

terça-feira, novembro 28, 2006

Simbolos - Pentagrama


Uma definição muito sucinta de símbolo pode ser: Um elemento que sintetiza uma ideia e que possui o poder de transmitir essa mesma ideia quando invocado à mente.

Embora a definição anterior seja incompleta, serve para o propósito deste post, falar acerca de símbolos e de um em particular.

Uma divisão muito rápida do universo dos símbolos, pode ser feita em dois grandes grupos. De um lado temos os símbolos “particulares”, por exemplo um símbolo representavivo de uma associação, grupo, etc. e os símbolos “universais” como por exemplo figuras geométricas.

Quando queremos interpretar e traduzir para o mundo mundano a ideia associada a um símbolo, a maior parte das vezes acabamos por: ou não ter as palavras necessárias que descrevem certo estado, ou a capacidade mental necessária para avançar no universo simbólico, revelando-se este como uma verdadeira selva onde um explorador descuidado se perde muito facilmente.

No que diz respeito aos símbolos universais, uma vez que estes surgem em várias culturas, associados geralmente aos mesmos princípios, podemos utilizar essa mesma cultura como suporte para a interpretação do símbolo de maneira a poder expor o seu significado, ou parte deste a um público.

Para um ocidental, embora para alguns possa parecer estranho, as ferramentas fornecidas pela cultura Hebraica são as ideais quando se pretende atingir determinadas ideias, associadas a determinados símbolos, devido a forte influência que esta cultura deixou no inconsciente colectivo do Europeu.

Deixando também bem presente que, por se utilizar o universo mitológico de determinada cultura não significa que essa cultura seja dona e senhora do símbolo, apenas que como cada ideia trás consigo mais ideias é sempre mais fácil abordar o pretendido utilizando uma vertente cultural conhecida do que uma que não nos diga absolutamente nada, como, por exemplo, a leitura de qualquer mito polinésio sem conhecimento prévio dos seres divinos intervenientes, iria deixar qualquer um quando terminasse a leitura da mesma forma com que a iniciou.

É também importante que o leitor se dissocie de ideias pré-concebidas que tenha do símbolo e parta para a aventura da descoberta do símbolo como se nada soubesse, de forma a atingir a essência na sua forma mais pura, mesmo que no final verifique aquilo que já conhecia dele.

Alerto também para o facto que o uso indevido de um símbolo pode levar à associação e atribuição de ideias e princípios erróneos ao mesmo. Um bom exemplo disto é a Cruz Suástica, que devido ao seu uso por parte de um partido, teve o seu significado completamente desvirtuado do seu sentido real, passando a ser vista pela maior parte das pessoas como algo associado a uma guerra, ao genocídio e a todos os aspectos negativos de uma ideologia que tomou como figura representativa esta figura geométrica.

Com toda esta introdução, abordemos agora o tema principal do post, o Pentagrama.

O Pentagrama, um dos símbolos mais amados e ao mesmo tempo mais odiados deste mundo e sobretudo pelo não conhecimento do mesmo e pela porta que o mesmo pode abrir ao nível do conhecimento.

Associado a práticas mágicas, associado a práticas satânicas, amuleto de sorte, indiferente, etc. uma coisa é certa, é conhecido para a maior parte das pessoas mesmo que careça ou não de significado para elas.

Para entender o Pentagrama é essencial compreender o significado ou a ideia que a cruz representa.
Longe de ser um símbolo de origem cristã, a Cruz, provavelmente foi um dos primeiros símbolos que a humanidade desenhou e pode ser encontrado em várias culturas espalhadas pelo mundo, independentemente da intrusão missionária no seio das mesmas.

Uma das primeiras ideias que a cruz trás à mente é a existência de um ponto central do qual irradiam quatro rectas e se colocarmos na mente uma cruz simétrica, temos quatro rectas iguais. Então, sem qualquer dificuldade de associação é fácil compreender que à cruz está associado o número 4.

A partir da agora farei uso de parte da Mística Hebraica. Não aquela que seria de esperar por alguns, mas aquela que permite avançar em muitos mistérios velados em textos desse povo.
A cada letra do alfabeto hebraico corresponde um Número e Uma palavra que a mesma letra representa. O alfabeto hebraico é constituído por 22 letras e na escrita das palavras, não é utilizada qualquer vogal, pelo menos nos textos antigos.

A partir daqui apelo à capacidade imaginativa de cada um e ao limite da mesma pelo uso da analogia.

Quatro são os elementos, quatro são os estados da matéria e quatro são os estados do cosmos, quatro são as letras que formam o maior nome de Deus


Traduzindo YHVH

Como disse anteriormente, a escrita hebraica, não continha vogais daí que a transmissão dos mistérios tinha de ser efectuada oralmente, pois o som completava o conhecimento da palavra escrita. Tão forte é o poder de pronunciar este nome, que ao longo dos tempos a sua pronúncia foi sendo ocultada. Quando surgia nos textos os sacerdotes utilizavam outros nomes para substituir o Maior nome de Deus, tal facto ficou escrito na Passagem “ Não pronunciarás o nome do teu Deus em vão”
A tradução mais conhecida por todos é

YeHoVaH ou Jeová, DEUS

A cada Recta da Cruz corresponde uma letra do nome sagrado, cada recta da cruz forma um estado cósmico e a sua totalidade representada nesse símbolo representa Deus tornado manifesto.

A letra


( traduzindo, shin) Significa espírito, e sendo ela a mãe do fogo, é ela que vai purificar o impuro.

Assim, no processo da génese, o cinco é consequência do quatro, assim o é numa escala evolutiva, assim o é numa escala numérica. O mundo, a matéria, Deus ao se fazer manifesto, pôs em movimento a necessidade de compreensão de si mesmo. Atingir a iluminação interior traduz essa procura. Desta forma o cinco resulta da vitória da unidade interior sobre o quatro, resulta da purificação interior pelo poder luz sobre a matéria.

Assim, desta conquista resulta a palavra



Traduzindo, YHShVH,

formada apartir de YHVH, sobre a qual o Sh (Shin) desceu e ocupou o Ponto Central da mesma, e de onde, no seu trono, governa e ordena os elementos. Esta palavra é conhecida na forma YeHeShUaH que significa DEUS-HOMEM e é o nome que foi atribuído a Jesus. Mas não apenas a Jesus, mas a outros grandes homens que incorporaram o arquétipo do número cinco, cujo símbolo é o Pentagrama: Rama, Krishna, Hermes, Orfeu, Jesus, Buda. Todos eles foram o Homem Perfeito, o mesmo que Da Vinci representou com o seu Vitruvio.



Mem Gimel

terça-feira, novembro 21, 2006

Fernando Pessoa


«Nunca para dentro da vida de nenhum outro homem se insinuou tanto o mistério do mundo. Tão familiarmente, por assim dizer. O mistério do mundo encontra não apenas o meu pensamento, mas o meu sentimento.»

Fernando Pessoa

Pouco talvez são aqueles que conhecem o verdadeiro universo de Pessoa. Poucos! Talvez mesmo ninguém, talvez mesmo só Pessoa pudesse escrever aquilo que realmente foi e aquilo que realmente viu e sentiu. De certeza que as visões que teve, só um pouco delas as passou ao mundo e para que o mundo as pudesse compreender somente um pouco delas escreveu e desse pouco, na metáfora está a chave de uma outra chave, a Vida de um dos maiores Esoterista e Ocultista Português, ele mesmo.

É impossível compreender o total significado da escrita de Pessoa estando-se alheio ao Universo Alquímico, Templário, Rosa Cruz, Maçónico, Astrológico, Mágico, no qual Pessoa se movimentava. Não sendo a minha intenção fazer um estudo sobre esse Pessoa oculto, deixo apontamento anterior para quem aprecie a sua obra e queira aprofundar ou “Reentender” aquilo que dele leu e principalmente Chegar à verdadeira “Mensagem” que quis Transmitir.

Um dos seus trabalhos menos conhecidos neste campo é uma tradução que fez de uma invocação de Crowley.

HINO a PAN

Vibra do cio subtil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim,
A mim, a mim!
Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artêmis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da àmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nás que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente - do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão -
Vem, está fazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque erecto,
Ó Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã.,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!

O Mestre THERION
(ALEISTER CROWLEY)

TRADUÇÃO DE FERNANDO PESSOA

Mem Gimel

terça-feira, novembro 14, 2006

Um pouco mais do Oculto


“ A verdade secreta da bondade natural reside no reconhecimento dos direitos que os pares de opostos possuem. Não existe tal coisa como antinomia entre Bem e Mal, mas apenas equilíbrio entre dois extremos, cada um dos quais é Mal quando tomado em excesso, ambos dão origem ao Mal quando contribuem insuficientemente para o equilíbrio.”

Dion Fortune