quarta-feira, agosto 31, 2005

Um caso para pensar

A cada dia que passa, o vazio de uma falsa aparência por parte de uma sociedade me perturba e magoa cada vez mais. Situações que mais parecem terem sido retiradas de um qualquer guião de filme dramático ou de humor sarcástico hollywoodesco sucedem de uma forma tão natural por parte de quem as pratica, que o único código que parece vigorar hoje em dia é o código material, sendo este formado pelo sub código sexual e o sub código monetário.

De veras que situações que vivo e que presencio me deixam atónico, levando-me a debruçar e meditar sobre o comportamento destas pessoas, desse gentio. Noticias estas que por vezes não surgem através de um qualquer media, ou de um estranho, mas sim por parte das pessoas com as quais afirmamos nós travarmos laços sentimentais, ou que aparentemente julgávamos.

È impossível ficar calado e expectante, em relação ao que eu julgo ser uma grande epidemia sensorial. Este Vírus ataca os códigos e os valores da conduta Humana, causando o bloqueio dos mesmos, sendo os seus efeitos mais imediatos o total obscurecimento sentimental e emocional ou então a incapacidade de discernir o perfil psicológico a apresentar perante a situação em questão. Sendo que a consciências destas pessoas deixa de entrar numa simbiose entre princípios e comportamento perante o mundo exterior.

A naturalidade e universalidade destes comportamentos é de tal ordem elevada que a maravilhosa evolução que o cérebro do primata sofreu para chegar ao estádio deste Homo Sapiens Sapiens, estádio este onde os elementos pertencentes a um grupo para alem da consciência grupal possuem uma consciência individualizada, se vê de veras ameaçada a entrar em regressão. Hoje, um colega de trabalho dizia-me: “ – estamos a caminhar no sentido do Homem das cavernas espaciais, que apenas procura o outro pelas necessidades sexuais, isto até que uma qualquer companhia invente o droide que satisfaça estas necessidades primárias”

É de veras muito triste notar isto. É de veras muito doloroso para quem possua códigos de honra, ética e moral viver num mundo podre, de pessoas podres, consumidas por esse bicho que não é da madeira mas sim de comportamentos relacionais que se alimenta destes mesmos, criando no interior destas um ambiente obscuro, com um cheiro a putrefacção sentimental e vazio.

As palavras sempre foram uma arma. A fala, algo de fabuloso e antes que o Homem comece novamente a grunhir é bom lembrar que se hoje estamos na posição que ocupamos no reino animal foi porque o factor relacional com todos os elementos do grupo sempre foi importante para a adaptação aos novos meios.


Dux Mem Gimel Trismegistus

4 Comments:

Blogger Francisco Mendes said...

Onde paira a essência humana? Regredimos, pois já sorvemos todas as futilidades de uma sociedade e cultura putrefacta?
Dói muito Mem Gimel, mas a atmosfera actual excrucia.

6:30 da tarde  
Blogger isabel mendes ferreira said...

pronto, vamos fazer de conta que estamos no país ideal e por um momento sorrir? vá lá, eu sei que dói mas só agora, por agora, uma boa noite...algures no deserto onde já tanto viajei o silêncio é azul e dói de magnifico, por exemplo em Wadi Run, na Jordânia, tudo parece possível...pode ser um sorriso agora?

10:40 da tarde  
Blogger Logos said...

Resta-nos sorrir à possibilidade de agarrar um sonho.

12:51 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

No meio da multidão encontro o mais puro sentimento do ser isolado, tropeço e caio sempre na solidão.
Quanto mais presto atenção, melhor reparo no que me distancia de outros seres aparentemente semelhantes, escuto o seu barulho ensurdecedor, e é nesta balbúrdia que escuto o seu silêncio e no nada que têm a dizer... Alguns destes distanciam-se da confusão, fazem-se valer pela sua singularidade. A estes já presto toda atenção, mas é aqui que sinto a dor e reparo que nem mesmo estes têm nada para dizer...
A desilusão é o sentimento predominante neste estádio da vida, escuto toda a putrefacção humana e o contínuo massacre do mundo.

11:40 da tarde  

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