quarta-feira, janeiro 05, 2005

Perfume

Vejo num olhar as profecias de um dia,
assim como nos teus doces lábios de romã
o correr de um sumo de mel de jasmim e alfazema.
Se o desejo corre como um cavalo nas planícies de ouro
então porque conter o majestoso galopar nesses campos de alecrim!
Quero beijar o tacto frio da brisa de Inverno,
sob o sol que vela este jardim.
Ser o soneto de frutos silvestres,
ser tinta de framboesas e ser o orvalho
que refresca a vida que sinto dentro de mim.
Na fragrância do rosmaninho ser uma sílaba
que acentua o tom da tua eternidade de flor campestre.
Fazer subir aos sonhos o sereno correr deste riacho
e no cristal desta fonte sentir o toque do cetim.
Ó mulher de lírios e papoilas,
de malmequeres e amores-perfeitos.
Sinónimo de néctar tem a dobra do teu sorriso
que é relembrado nas auroras dos tempos,
nas ondas e nos ventos
que movimentam as velas dos moinhos
de estes e de outros sentimentos
que moem os grãos de trigo
das cearas dos momentos
que nascem na divindade do teu corpo,
regados por gotas de paixão
de chuvas de almanaques perdidos
no propósito de tornar única a ideia
dos mistérios que envolvem a primavera
que percorre a tua existência,
que toma forma na eloquência
das palavras que floram com as essências
da certeza que nunca, mas nunca existirá um fim.


Mem Gimel