Memória

Por uma lágima apenas...
Por uma lágrima apenas suplica o mendigo dos meus lábios.
Aurora de um dia.
Espiga de trigo da seara de Agosto.
Onde estás calor de uma tarde?
Sol poente, horizonte de um momento!?
Cantigas, que na memória te canto,
perguntando-me se algum dia fui amado.
Mas a ferro e fogo gravei no coração,
a memória de um dia ter-te beijado
e nesse subtil acto
comunguei com todo o universo
a verdade unica e possivel,
Amei-te.
Perdi a tua forma no espaço que me rodeia,
mas no silêncio,
na luz e escuro do meu quarto,
construí a tua imagem com o sangue do meu amor,
com o teu perfume fresco de outono,
com o teu sorriso traquinas,
com o teu olhar de menina inquieta.
Crucifiquei-me com as minhas próprias palavras,
com uma dor de anoitecer,
resta-me apenas e somente estender a mão ao mundo
e oferecer aquilo que me matou,
o sonho das palavras
embebidas por o sumo do amor
derramado do meu coração aberto,
do cálice da minha vida.

Mem Gimel