terça-feira, outubro 10, 2006

Julgar


“Encontram-se, muitas vezes, nas paredes das prisões, legendas interessantes, formulas, versos e inscrições que nos esclarecem o espírito e nos orientam os sentimentos de bondade e clemência. Conta-se que, certa vez, o Rei Mazim, senhor da rica província de Korassã, foi informado que um presidiário hindu escrevera palavras mágicas na parede da sua cela. O rei Mazim chamou um escriba diligente e hábil e determinou-lhe que copiasse todas as letras, figuras, versos ou números. Muitas semanas gastou o escriba para cumprir, na integra, a ordem extravagante do Rei.

(..)

Diante do pedido do monarca, disse o sábio:
- Eis os versoso escritos por um dos condenados:

A felicidade é difícil porque somos muito difíceis em matéria de felicidade.
Não fales da tua felicidade a alguém menos feliz que tu.
Quando não se tem o que se ama é preciso amar o que se tem.


Eis um problema escrito na parede da cela de um condenado.

Colocar 10 Soldados em cinco filas, tendo cada fila 4 Soldados.

A seguir o sábio leu a seguinte lenda:

« Conta-se que o jovem Tzu-Chang se dirigiu um dia ao grande Confúcio e perguntou-lhe:
- Quantas vezes, ó esclarecido filósofo, deve um juiz reflectir antes de sentenciar?
Respondeu Confúcio:
- Uma vez hoje; dez vezes amanhã.
Assombrou-se Tzu-Chang ao ouvir as palavras do sábio. O conceito era obscuro e enigmático.
- Uma vez será o suficiente – elucidou com paciência o Mestre – quando o juiz, pelo exame da causa, concluir pelo perdão. Dez vezes, porém, deverá o magistrado pensar, sempre que se sentir inclinado a lavrar sentença condenatória.
E concluiu com a sua incomparável sabedoria:
- Erra, por certo, gravemente, aquele que hesita em perdoar; erra, entretanto, muito mais ainda aos olhos de Deus, aquele que condena sem hesitar
.»"


Malb Tahan
O Homem que sabia contar

Ficam as palavras sábias e o problema para quem se sinta tentado em encontar a solução.

Mem Gimel

5 Comments:

Blogger eddy said...

fabuloso...podia indicar-me o livro?

um abraço

10:22 da manhã  
Blogger Logos said...

"Autor:
Malba Tahan

Titulo: O HOMEM QUE SABIA CONTAR

Curriculum:
Malba Tahan,Filho de mãe professora e com 11 irmãos, deixou duas pistas na infância: o gosto pela leitura de um velho exemplar do livro “Mil e Uma Noites” e uma fotografia fantasiado de árabe no carnaval. Malba Tahan é na realidade o pseudónimo de Júlio César de Mello e Souza, professor de matemática e possuidor de múltiplos talentos, entre eles o de contador de histórias tradicionais, que foi acima de tudo um pedagogo visionário preocupado em reflectir sobre os métodos de ensino. Dele se diz que, na sala de aula, lembrava um actor empenhado em conquistar plateias e as suas propostas didácticas tinham tanto de ousadas quanto de inovadoras. A Matemática foi o terreno por excelência que escolheu para transmitir conteúdos pedagógicos de forma lúdica e divertida, embora enquanto criança preferisse as letras aos números.
Assinando com o seu próprio nome, ou sob o pseudónimo Malba Tahan – que, sem hesitação, poderíamos considerar como um seu heterónimo, tão impressionantemente real foi a existência ficcionada deste duplo autor – Júlio César de Mello e Souza produziu 69 contos e 51 livros de matemática.
O interesse despertado por esta obra, expoente máximo que une em perfeita simbiose o mundo das letras e a capacidade narrativa com os números, não cessou desde a sua publicação. Júlio César de Mello e Souza nasceu em 1895, no Rio de Janeiro, e faleceu com 79 anos num hotel do Recife, onde ia dar mais uma conferência, em 1974."

Editorial Presença.

Um abraço

11:09 da manhã  
Blogger eddy said...

bem haja pela minuciosa atenção

um abraço

10:12 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Passei para ver esta agradável e sempre interessante página, onde me delicio nesta madrugada, e também para desejar bom fim-de-semana. Parabéns pelo excelente blogue.

6:50 da manhã  
Blogger Logos said...

Obrigado Sr. Jofre.

Agradeço a sua passagem por este meu mundo onde tento parar o tempo.
Sempre que nos identificarmos com a carne somos mortais e desta forma fazemos parte da história. Sempre que pensarmos, somos eternos e o tempo torna-se infinito pois adquire o carácter de circular e não de rectilíneo.

Deixemos os Heróis fazerem parte da história e purifiquemos o pensamento de maneira que o Homem faça parte de si mesmo.

Um abraço e volte sempre

1:07 da tarde  

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