quarta-feira, fevereiro 08, 2006

A Queda

O Homem olhava para o horizonte. Aquela estreita linha que ao longe estabelecia a fronteira entre o céu e a terra, teria sido o seu inicio e iria ser o seu fim.
Abraçando um fogo que descia do céu, na quietude, aguardava pelo sol nascente e no brilho do azul celeste, no branco que vestia, saudava os primeiros raios que desciam pelas encostas do tempo, filho de uma vontade superior, de um desejo de ser.

Nesse tempo, era ele um eixo do plano, sobre o qual as estrelas confirmavam o seu corpo e por isso mesmo, com o lápis da mente pintava no círculo celeste histórias secretas que apenas o amor podia compreender.

O mesmo horizonte onde o seu interior tinha o início impeliu-o a caminhar a seu encontro. Deixando para trás as colunas que sustentavam o seu templo, desceu as encostas do monte onde se encontravam os Deuses.

De tanto caminhar sobre o espaço, chamou o mesmo de infinito. Tanta foi a obra que encontrou que o sol despertou desde esse dia por detrás das nuvens e a sua alma, pela paixão e sucumbida pela magia dos sentidos, encontrou no corpo temporal a ilusão da esperança, o brilho efémero que do inicio apenas se recordava como uma fosca luz.

O vento erodia o corpo, a água arrastava-o nas suas correntes o fogo queimava-o e a terra sepultava-o, pois o mundo parecia-lhe infinito, infinito de mais para o recordar do seu inicio e do seu fim.

Dux Mem Gimel Trismegistus